Descrição
"“Gira” é uma expressão usada pelos praticantes da Umbanda para designar Festa. É festejando que os afrorreligiosos evidenciam a Religião anunciada no estado do Rio de Janeiro, início do século XIX, pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas. Formada, genericamente, a partir dos credos católicos espíritas e do culto aos Orixás - a Umbanda também absorve as expressões de religiosidades no espaço onde é praticada em comunhão com as crenças “minoritárias” do lugar onde se manifesta. No Amazonas, constata-se que há insuficiência de estudos referente às religiões afro-brasileiras, sobretudo, no contexto específico de cidades localizadas entre as fronteiras nacionais, como é o caso de Tabatinga, situada na fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia. Nosso objetivo consistiu em realizar um exercício etnográfico sobre as expressões de afrorreligiosidade na “fronteira” e no Terreiro da Cabocla Jurema em Tabatinga, em uma situação específica de celebração ritual festiva, denominada pelos nossos interlocutores de “Gira de Umbanda para Caboclos”, diferenciando assim das demais maneiras de cultuar as Entidades que alicerçam a Religião, tais como: “Gira” para Preto-Velho, Erê, Mestres, Encantados, Orixás e
Santos. Ou ainda, “Gira” de Desenvolvimento e “Gira” de Aniversário. O estudo foi realizado entre os anos de 2013 a 2015, após percorrer os Terreiros de Tambor de Mina e de Umbanda localizados em bairros dessa cidade, onde a realização de “Giras” É mais corriqueira, permitindo assim evidenciar, por meio de uma maior convivência pontual com Pais, Mães e Filhos de Santos, as diversas práticas que permitem os agentes construírem a sua identidade afrorreligiosa, seja pelo ato de cultuar Entidades; seja pelo uso de recursos divinatórios; seja por acionar saberes mágico-religiosos na interface entre o sagrado e profano; ou ainda, como resistência de vivencia em Terreiro em face a atos de perseguição e intolerância religiosa."