Nós, mulheres indígenas do rio Negro, temos muitas histórias e conhecimentos para compartilhar. E a chegada da pandemia de COVID-19 mostrou que somos compostas por diversos Cestos de Conhecimento. Meu objetivo nesta nota é o de compartilhar como vemos e fazemos nossos Cestos e, também, como os utilizamos para o enfrentamento coletivo à pandemia.
A ideia de Cesto de Conhecimento, associada ao enfrentamento da pandemia de COVID-19, vem da minha reflexão sobre um ritual coletivo realizado com o acompanhamento dos pajés, parentes próximos e amigas (mulheres já casadas). Este ritual é muito praticado no rio Negro com o intuito de formar as crianças, nesse caso, as meninas que estão se tornando adultas. Os meninos também passam pelo ritual; no entanto, ele acontece de forma diferente e sem que as mulheres tenham acesso ao que ocorre, os detentores desse momento são somente os homens. Este ritual é conhecido como kariamã em y?gatu — uma das línguas cooficiais de São Gabriel da Cachoeira, interior do Amazonas. Trata-se de um ritual indígena realizado pelos povos da família linguística arawak na região, do qual nós Baré fazemos parte. (...)
COSTA, E. S. Mulheres do rio Negro e seus Cestos de Conhecimento durante a pandemia de COVID-19. Plataforma de Antropologia e Respostas Indígenas à COVID-19, vol. 1, n. 5, 2021. Disponível em: www.pari-c.orghttp://www.pari-c.org/artigo/33